Textos


SOBRE O TRABALHO

São compostos de gestos, pretos ou brancos, não compositivos, dispostos sobre a tela, deixando marcas ou formando faixas com os movimentos dos instrumentos usados, levando a tinta sobre o suporte trabalhado, que se posiciona horizontalmente.

É uma abstração gestual, chegando a uma aparente repetição. Aparente, porque nunca o gesto livre consegue ser exatamente igual. Existe também um paradoxo quanto ao gesto e a ordem, uma vez que embora livre, havendo a imprecisão da pincelada, apresenta um controle na verticalidade ou na horizontalidade e um paralelismo.

Ao contemplar o trabalho sente-se um percurso, um deslocamento sugerido pelo movimento do gesto. Algumas vezes a pintura fica reduzida a tonalidades de preto. O desejo de luz e sombra, está no uso do preto fosco e do preto brilhante, do preto frio e do preto quente. O olhar, na verdade, é a luz da pintura, porque é necessário o deslocamento, para buscar esse efeito... da escuridão visível. Existe um contorno tênue, quase como se não estivesse pintado. As cores se atem ao mínimo necessário, para quase se chegar a uma pós-imagem. A princípio se vê uma grande área negra e que com o apuro do olhar se percebe uma leve nuance do próprio preto... como se fosse a noite da cor. Não existe uma forma definida, apenas o arrastar de um tom sobre outro, como uma veladura do preto sobre o preto.